quinta-feira, 23 de julho de 2009

QUE INFLUÊNCIAS A JUVENTUDE TEM NAS DECISÕES DO PAÍS?

Esta foi a questão que polarizou o programa televisivo “Debate da Nação” da STV, na terça-feira 21 de Julho de 2009, na ocasião, efusivamente moderado pelo jovem jornalista Arsénio Henriques.

Um dos denominadores comuns a todos estes programas é a grande presença de um público heterogéneo. Pululam por ali pessoas de várias índoles. Uns lúcidos e equilibrados, outros agressivos e nervosos.

Estes últimos vão ao programa, não para contribuir de forma salutar, mas com o intuito de despejar as suas dementes opiniões, típicas de palradores-banais e ignorantes.

Embora semelhante a todos outros, o debate da nação da terça-feira não deixou os seus créditos em mãos alheias. Vimos por ali uma plateia e auditório riquíssimos que, através de variadas observações iam nos brindando diferentes pontos de vista, trazendo sabor e vida ao tema em questão.

E porque é sempre assim em programas daquela natureza, estiveram lá jovens obcecados pelo ”politicamente correcto” e outros não. Todavia, defendendo ou não o politicamente correcto, a verdade manda dizer o seguinte: A juventude moçambicana não tem influências nas decisões do país.

E, este cenário está aliado a vários factores, tendo um deles, a ver com a crónica letargia que afecta a nossa geração, somos uma juventude que assiste impávida e serena o desenrolar das coisas no país.

Quem não sabe que a única preocupação do jovem actual é trabalhar para comprar um carro, vivendo numa casa em arrendamento e passar o resto dos seus dias a beber?

Os jovens mais atentos às dinâmicas do país, precipitam-se a aliar-se aos partidos políticos pois que, é neles onde vêem a bóia de salvação e a solução dos seus problemas. Gostando ou não do partido, estão lá a engolir sapos, contanto que, não lhes esqueçam na hora dos tachos, ou um espaço no poleiro de uma associação juvenil qualquer.

A frequente febre de aquisição dos cartões amarelos, cor-de-rosa, vermelhos, pretos entre outros é a prova mais cabal disso. Como é que o jovem vai esforçar-se em estudar e trabalhar, se a priori já sabe que o mais importante que isso é usar máscaras e gritar vivas ao partido, assim como dominar a ciência do lamber botas.

Por outro lado, a crescente mediocridade tacanha, que se espalha pelo país fora contribui em grande parte nesse sentido. Somos arrogantes, porém ignorantes. Como ­se justifica que uma figura daquelas que, se auto intitula mais patriota que os outros, tenha dificuldades em dizer quem foram os signatários dos acordos de paz?

Vendo as coisas dessa forma, presumo ser difícil a juventude ter influências nas decisões do país porque isso pressupõe também, o conhecimento, pelo menos, de forma superficial sobre pouco da nossa própria história.

Ao dizer que, quem assinou os acordos de paz em Roma foram Guebuza e Dhlakama é um erro grave e até certo ponto crasso quando tal ignorância vem da boca duma pessoa como Mc Roger.

Não é verdade que os jovens já estão a decidir neste país, como mentirosamente quis nos convencer um dos participantes do debate. O número de jovens que estão nos centros de tomada de decisões é ainda insignificante.

Além disso, esses jovens só estão lá e não resolvem os problemas da maioria, vegetam nesses conclaves justamente para fazer valer os seus interesses pessoais e estomacais.

Portanto, é uma utopia pensar que esta geração está ter influências nas decisões deste país, porque isso não será fácil enquanto prevalecer um conflito de gerações tão crónico como este que actualmente impera.

Os nossos dirigentes não estão interessados em ter a juventude como parceira na tomada de decisões. Eles têm consciência do papel que a juventude joga para operar mudanças e o estilo de vida de uma nação. O que acontece é que os nossos governantes estão acomodados e gostam da vida que levam.

Sendo assim, quanto mais jovens preguiçosos, dorminhocos e amorfos Moçambique tiver, melhor para eles que pretendem pagar as favas do sofrimento nas matas, no tempo da luta de libertação nacional. Ou pensam que as declarações do general Hama Thai dizendo que: A juventude pode vender o país, vem ao acaso.

Pensem nisso!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

DOIS PEIXES COM LEGUMES

É a terminologia que tem sido atribuída ao novo comercial que a CNE está passar nas rádios e televisões nacionais, visando persuadir as pessoas no sentido de afluir em massa as eleições de Outubro.

É também o título que Sebastião Mbeve escolheu para o seu artigo que, pulula nos meios de comunicação social alimentando, dessa forma, o debate dos últimos dias na praça.

Para melhor situar os meus leitores, recorram ao jornal Magazine Independente de 15.07.09 na sua página 08, como também, ao endereço http://www.debatesedevaneios.blogspot.com/

A CNE está de parabéns, por cumprir com o seu dever de promover a educação cívica. Segundo o meu ponto de vista o comercial apresenta um conteúdo bastante bem elaborado, um sentido de humor maravilhoso, assim como um objectivo visivelmente claro: combater as abstenções nas próximas eleições.

Todavia, como a nossa sociedade está cada vez mais pejada de gente atenta e palradores-banais prontos para criticar e deixar ficar as suas dementes opiniões, o trabalho da CNE viu-se mais uma vez conotado com os interesses do partido no poder, no caso concreto a Frelimo. Tudo por causa de um suposto fundo vermelho.

Ora, está claro que, devido ao estado medíocre da nossa democracia, mais do que discursos e enrolamentos, as eleições nunca trazem nada de concreto para a vida da população. Tal é o caso do lustro que termina: falou-se muito e fez-se pouco. Faz tempo que, os nossos governantes deixaram de trabalhar para o povo.

As grandes conquistas que os discursos oficiais anunciam não se traduzem no prato do cidadão pacato. Muitos moçambicanos vivem ao-Deus-dará, entretanto quando sintonizam o rádio ouvem o PR no parlamento a afirmar que, o estado da nação é bom. Um paradoxo crasso.

Por isso e por outras patetices o povo está farto, daí não vê razão para continuar a votar nas mesmas pessoas que mentirosamente lhes promete dias melhores. O povo prefere abster-se das eleições.

Ciente dessas abstenções, a CNE pretende resgatar o voto das massas e convence-las a afluirem `as urnas de votação. Por isso, meu caro Mbeve, nada a mais e nada a menos, segundo a leitura que faço, Dois peixes com legumes enquadra-se nesse objectivo.

Porém, visto que, cada cabeça é uma sentença e cada um vê nas coisas aquilo que quer ver, só devemos respeitar a pluralidade de ideias. Já dizia uma figura que abrilhantou a antiguidade clássica com os seus dotes retóricos e sofísticos: O Homem é a medida de todas as coisas – refiro-me a Protágoras.

Portanto os argumentos Mbevistas podem estar certos até esse ponto, mas doutra forma presumo que se trata de procurar problemas onde não existem. Sendo assim deixemos a CNE trabalhar `a vontade.
felixesperanca@gmail.com