sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lembrar Niassa 2000/2005

Lichinga 5/8/10 (Editorial Jornal Faísca)– Nos dias que correm todo o mundo anda embalado quando se fala do desenvolvimento da província do Niassa. A roda já foi inventada e o passo é andar com ela e aproveitar a sua velocidade. Em 1995 realizou-se o seminário Niassa 2000 e o objectivo era colocar a província no mapa do desenvolvimento através de varias acções.

Em 1999 seguiu-se o Niassa 2005 para complementar o que o primeiro não cumpriu. Entrou-se a seguir num barco estagnado até que em 2008 foi lançado o Niassa 2017. Nestes três documentos somente os dois primeiros casam entre si. O Niassa 2017 é totalmente novo e inoportuno, pois há ainda muito por explorar nos seus antecessores.

De lá para cá muitas realizações foram feitas. Os recursos humanos foram formados no ensino superior, a electrificação através da HCB atingiu vários pontos, entre outras coisas. No entanto, nos dias que correm, a roda está sendo reinventada pelos dirigentes da actualidade e saldo deste malabarismo é a estagnação de muitas instituições públicas a todos os níveis. Nos tempos do Niassa 2000, os encontros de balanço de determinadas acções eram actividades constantes em Lichinga.

Com o Niassa 2005 idem. Havia participação das pessoas, independentemente do seu cargo ou direcção. Actualmente, criou-se um clube de amigos. Porém esses amigos não têm muito domínio sobre a província, o que levou ao corte de alguns apoios externos.

O clube vive da fofoca para alimentar os cargos que ocupam em função da amizade e aproximação geográfica com o chefe. O resultado deste tipo de atitudes foi a porrada que o GN levou na segunda sessão da Assembleia Provincial. Os membros da AP não se deixam enganar e muito menos iludir, querem trabalho no distrito, não querem máfias de dirigentes. Entrando no Niassa 2017 encontramos um PEP cada vez mais órfão de pai e padrinhos.

A sua equipa pensadora morreu vítima da cegueira de dividir para reinar. Por isso no seu segundo ano de existência, não teve ainda um balanço sequer! Não se sabe quantas empresas entraram no Niassa, quantos quadros foram formados, quantos quilómetros de estradas asfaltados ou melhorados, etc. Perante estes cenários que saídas se esperam para a província até 2014? Problemas mesquinhos de ocupação ilegal de terra em Sanga, Ngauma, devem ser resolvidos centralmente? Em Lichinga não existe Director Provincial ou Governador para tal?

Qualquer dia, se calhar alegando falta de orçamento, irão exigir a presença de uma brigada central para colocar uma lâmpada no gabinete! A nossa contabilidade mostra que em 2010 a província recebeu duas visitas de alto nível: Ministro Norueguês do Desenvolvimento Internacional, e a equipa chinesa do Kingroup. Pelos vistos foram funcionários juniores que acompanharam estas equipas! A chefia andou longe, andou em Ngauma e Tete. Chegados aqui, questionamos se efectivamente vale a pena ter o tipo de dirigente que temos? Ou teremos que aguardar por uma presidência aberta para correr com eles? Vimos isso em Abril quando administradores distritais caíram como uma peste amarela! Em Lichinga pode-se aplicar a mesma fórmula.