quarta-feira, 21 de outubro de 2009

AEU-UEM E OS CONTORNOS DE UMA PALESTRA/CAMPANHA

Basta apenas um olhar desatento e superficial, em relação ao desempenho do actual elenco da Associação dos Estudantes Universitários da UEM, para chegar-se a conclusão errada de que este constitui o melhor grupo que já alguma vez presidiu os destinos daquela Associação. Foi nessa ordem de ideias que há um tempo publiquei alguns escritos a valorizar, elogiar e exaltar os feitos, aparentemente positivos da referida turma.

Hoje é claramente notório que, os dirigentes deste órgão, guiam-se pela táctica que consiste em turvar as águas para manipular a opinião estudantil e camuflar os podres que mantêm por detrás daquelas caras tipo anjinhos, ou seja, fingem que trabalham em prol dos estudantes enquanto no fundo são autênticos oportunistas e precursores do latrocínio que até agora, graças ao diabo, continuam a enganar-nos, inclusive de tanta habilidade conseguem granjear simpatias até da própria reitoria. Por conseguinte, em detrimento de bibliotecas, livrarias, museus e cultivar nos estudantes o hábito de leitura, dedicam-se a assinar acordos para obter descontos nas discotecas e outras casas de diversão. É por essa via que, quando deles esperamos a criação de debates e reprodução de ideias com vista a solucionar as crises que assolam o país, nos embriagam com festas estupidamente narcotizantes que prolificam ambientes propícios para o despontar de uma juventude adúltera, domesticada e mentalmente estéril, assim também uma geração de lacaios completamente desprovidos de senso crítico.

Na mesma óptica, no lugar de promover palestras científicas e académicas organizam campanhas eleitorais como aconteceu no passado dia 2 de Outubro. Alias, olhando para os contornos com que, o evento tomou, afigura-se certo afirmar, sem sombra de dúvidas que a sua realização foi oportuna, pois, apesar de voltarem frustrados e revoltados por terem sido servidos Gato ao invés de Lebre como antes foi anunciado, os estudantes/participantes disseram ter sido uma boa lição de vida e acrescentaram ter saído de lá mais lúcidos e libertos, doravante jamais serão enganados. “A máscara partidária da AEU acabava de cair naquele dia”, afirmam. Para mais informações sobre o evento, vide no Canal de Moçambique de 6-10-09 e no Magazine independente de 21-10-09, os debates em: http://comunidademocambicana.blogspot.com/search?q=AEU.

Com efeito, em resposta a fortes pressões internas e externas oriundas dos estudantes bem como de algumas faculdades que chegaram a ameaçar não colaborar com a associação por causa de tais patranhas e outras atitudes pouco dignas para pessoas que dirigem um órgão do género, o presidente da AEU, numa atitude nobre, mas forçada, deu a mão à palmatória e reconheceu o erro pedindo desculpas por via de um comunicado que agora pulula de canto em canto na Universidade e nas residências.

Entretanto, pelo sim ou pelo não, parecer que as coisas não andam lá muito bem na associação e a referida palestra constituiu a gota de água que precipitou os ânimos, ao avivar rancores ocultos que, por sua vez, deram a conhecer sobre a existência de graves problemas no seu seio. Segundo ficou-se a saber, AEU que outrora, em 1991, foi criada para servir os interesses dos estudantes, agora virou um clube de amigos e um verdadeiro feudo cujo objectivo é resolver problemas ligados à fome de uma pequena elite interna. Regista-se tambem sérios indícios de nepotismo e falta de transparência na gestão dos 60 meticais que os mais de 20 mil estudantes da UEM pagam anualmente para garantir a sobrevivência do órgão. Esta tendência vai ganhando forma devido ao espírito de falta de prestação de contas, propositadamente implantado por ali. Ligadas a tais incoerências, estão os frequentes desentendimentos e desatinos na tomada de decisões.
Neste capítulo, as fontes apontam que, desde Setembro de 2008 (época da tomada de posse), até agora, como forma de retaliação, três elementos chave da direcção geral abandonaram o órgão e a há pouco tempo se demitiram dois chefes sobejamente conhecidos pelas suas duras críticas aos desmandos ali instituídos.

Segundo esses relatos, além disso, no rol das discórdias constam algumas viagens desnecessárias, habilmente concebidas para esbanjar fundos. Tais actos são alegadamente protagonizados por pessoas que sintomaticamente ocupam os lugares cimeiros do poleiro. No mesmo diapasão, há indicações do uso abusivo e anti-racional de produtos doados para actividades académicas, ou seja, chega-se ao ridículo de cozinhar com a água mineral remanescente das palestras, para além de vendas ocultas de camisetes requisitadas para marchas estudantis como aconteceu na lufa-lufa de17 de Novembro de 2008.

Assim, alguns membros que ainda sobrevivem à intempérie tentam em vão batalhar para a realização da Assembleia-geral (que está para breve segundo os mesmos) tida como provável bóia de salvação, enquanto imploram a Deus, para que mande uma chuva de auditorias nas contas da associação, com vista a pôr a nu toda rapina que subjaz nas suas entranhas.

Enquanto tal não acontece o meu apelo vai direccionado aos nossos ilustres dirigentes para que levem a bom porto esta instituição que é de todos nós. Não convêm que os seus destinos estejam a mercê de jovens imaturos a sair da puberdade, sem espinha dorsal e um desenvolvimento integral, muito menos ainda sem audácia para se meterem nas mesmas causas históricas e heróicas pelas quais os nossos pais Eduardo Mondlane, Uria Simango, Samora Machel, entre outros deram para libertar este país.
Pensem nisso, contanto que não vos zangueis comigo, pois há entre vós algumas excepções a esta regra!
Tem a palavra o presidente!