quinta-feira, 30 de abril de 2009

TIRANOS BRANCOS SUBSTITUIDOS POR TIRANOS NEGROS???!!!


“...Neste mundo ninguém é bom para ninguém. Enganamo-nos uns aos outros. Tiranos brancos substituidos por tiranos negros é a moral da história... justiça e igualdade é negócio de Deus e não dos homens...”
Paulina Chiziane. “O sétimo Juramento”, Pag.15
De uns anos para cá ganhei o hábito de participar em forúns onde se debatem ideias sobre o dia-a-dia do país e também presto muita atenção no conteúdo dos discursos que os nossos politicos nos bombardeam.
O que noto nisso tudo é que proliferam-se ideias brilhantes que se traduzem em palavras bonitas como igualdade, justiça, paz, solidariedade, fazendo surgir slogans inclusivos como: “Moçambique para todos”, “Juntos por um futuro melhor” ,“A força da Mudança” e outras coisas que pessoalmente perfiro considerar útopias.
Tudo isto é bonito. Porém seria mais bonito ainda se essas concepções fossem verdadeiras ao invés de serem simples conversas para drenar dólares e gastar água mineral, bem como, não passassem de truques para tirar o voto do cidadão incauto que não percebe nada sobre politica.
Os nossos dirigentes defendem o fim da pobreza absoluta, encorrajam o combate a corrupção e todos os males que nos apoquentam, contudo ao virar-mos a esquina descobrimos que são os mais ricos do país, os mais corruptos e os que têm mais posses. Para quem não sabe deve pensar que é um paradoxo.
Mas não é nenhum paradoxo, as coisas funcionam assim. A vida é assim, traduz-se em dizer uma coisa e fazer outra. “... Pois não façam o que eu faço, mas sim o que vos digo” - diz o ditado. Isto significa que nestas coisas é preciso usar mascáras para adaptar-se ao meio, sob pena de ser vitimado por aquilo que C. Darwin chamou por seleção natural.
Engana-se quem pensa que o mundo é um mar de rosas, feito de fraternidade, união e de amor ao próximo. Isto aqui é um campo de luta selvagem onde reina a lei do mais forte, aqui é cada um por si e Deus para todos, por isso salve-se quem puder!
O mundo pertence aos ousados, aos que sabem mentir, aos hipocritas e aldrabões sem vergonha para alcançar o que desejam. Quanto aos pobres, aos orfãos, as viúvas, aos desfavorecidos, e as minorias marginalizadas, esses que se lixem.
E assim os pobres ficam cada vez mais pobres e os ricos sempre a subir. Ensinamos as crianças a odiar os semelhantes e o ódio vai se transmitindo de geração em geração. Parecendo que não, mas hoje em dia está cada vez mais dificil singrar na vida usando meios católicos, querendo ou não, tem que se alinhar em sistemas, caso não é preciso cultivar a arte do lambebotismo.
E depois nos assustamos e reclamamos quando estudos concluem que crianças negras dos Estados Unidos e da África do sul perferem bonecas brancas e loirinhas ao invés de bonecas negras como a sua própria cor.
Por que que reclamamos, achamos que as crianças são tão ingênuas ao ponto de ignorar a dura realidade do mundo em que vivem? A pesar de pequeninas elas sabem da podridão em que o nosso mundo está mergulhado.
A verdade é dura. Mas é esse o mundo que temos e que fazemos. A pergunta que fica é: será esse o mundo que queremos? Espero que não, mas o que apreendo todos dias é o seguinte: O ódio e ganância são nossos instintos naturais, por isso o
jogo entre tiranos a substitirem-se será eterno.
É esta a moral da história para mim também!!
Pensem
nisso!
felixesperanca@gmail.com

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO NEPOTISMO NAS ORGANIZAÇÕES MOÇAMBICANAS

Parecendo que não, mas é um facto, o nepotismo está ganhar terreno nas nossas organizações públicas e privadas, isto é, nos últimos anos está cada vez mais dificil ter emprego numa empresa qualquer deste país se o concorrente não tiver familiares ou amigos na organização que pretende servir.

Qualquer cidadão atento pode notar que as nossas empresas públicas e privadas estão virando clubes de amigos e familiares, onde as portas estão abertas somente para pessoas conhecidas, como: cunhados, vizinhos, netos, afilhados entre outras espécies de parentesco que se pode encontrar por aí.

Os nossos jornais têm sempre anúncios de vagas para emprego nas empresas. Porém, esses supostos anúncios não passam de simples escritos para o “Inglês ver”. Na verdade, as vagas publicitadas vêm já ocupadas, as entrevistas que se fazem servem para brincar com as pessoas ou justificar qualquer cláusula que se calhar a lei prevê.

O cenário é dramático. É dramático sobretudo para o jovem recém graduado que pretende singrar no mercado de trabalho, para mostrar os seus dotes profissionais e materializar os seus conhecimentos científicos, a fim de desenvolver o país, mas não o pode fazer porque é impedido por questões mesquinhas como o nepotismo.

É triste para o estudante que por azar ou sorte do destino deixou a sua província para continuar os seus estudos, contudo, porque é o primeiro e único a sobresair na familia e não tem padrinhos é condenado ao Deus dará até aos últimos dias da sua vida.

A situação fica ainda mais penosa para aquele cidadão anónimo que vive no limiar da pobreza, abaixo de um dólar por dia e mesmo assim continua a sonhar com dias melhores, “anestesiado” com pão e circo que o governo proporiona.

Só que, este mesmo cidadão já começa a ficar farto da palhaçada porque o pão torna-se cada vez mais escasso e o circo começa a perder graça, daí opta pela coisa mais simples que consegue fazer: abster-se das eleições, caso não, vai a procura das soluções mais rápidas e não boas para a sociedade, neste caso, pauta pelo crime, roubo e outras práticas antisociais.

Fica mais díficil ainda para aqueles que, por causa dessa postura das nossas organizações procuram alternativas no comércio informal e nas pequenas indústrias, mas mesmo assim não escapam dos impostos que “diariamente” tem sido criados neste país.

Moçambique é um país pobre e todo mundo sabe muito bem disso. É necessário que se invista mais no capital humano, nas pessoas competentes e dotadas de habilidades e capacidades para operar tecnológias e solucionar as crises que nos enfermam.

Senhoras e senhores não se pode sair da condição de pobreza agindo nesses moldes. Com o nepotismo e clientelismo institucionalizados não se constrói um país próspero, mas sim, um clube de amigos e familiares onde a preguiça e anarquia, os desmandos e os abusos de confiança imperam.

Quando se trata de servir o país, não se devia brincar em serviço. Nestes casos os valores de um homem não devem ser medidos com base nos graus de parentesco, pois é preciso basear-se na competência e na capacidade de solução dos problemas. É assim como funcionam as coisas em países onde reina a disciplina e cultura de trabalho.

Muitas vezes os nossos governantes cantam que, “a juventude é a seiva da nação”. De que juventude se trata? Essa maioria sem horizontes, a qual depois do término de seus estudos não tem tido por onde ir?

Ou referem-se a seus filhos, enteados e afilhados com oportunidades de escolher entre continuar a estudar num país do primeiro mundo, às custas do erário público, ou singrar no mercado de emprego numa dessas grandes empresas da praça com direitos a salários chorudos e regálias infindáveis.

É assim que pretendemos combater a pobreza absoluta no país? Será este, Moçambique para todos do qual Sua excelência o Presidente da República falou na abertura da reunião dos quadros do partido Frelimo a 19 de Abril de 2009?

Estamos a transformar as organizações e consequentemente o país num clube de amigos e familiares. Pensem nisso, compatriotas!