quarta-feira, 22 de julho de 2009

DOIS PEIXES COM LEGUMES

É a terminologia que tem sido atribuída ao novo comercial que a CNE está passar nas rádios e televisões nacionais, visando persuadir as pessoas no sentido de afluir em massa as eleições de Outubro.

É também o título que Sebastião Mbeve escolheu para o seu artigo que, pulula nos meios de comunicação social alimentando, dessa forma, o debate dos últimos dias na praça.

Para melhor situar os meus leitores, recorram ao jornal Magazine Independente de 15.07.09 na sua página 08, como também, ao endereço http://www.debatesedevaneios.blogspot.com/

A CNE está de parabéns, por cumprir com o seu dever de promover a educação cívica. Segundo o meu ponto de vista o comercial apresenta um conteúdo bastante bem elaborado, um sentido de humor maravilhoso, assim como um objectivo visivelmente claro: combater as abstenções nas próximas eleições.

Todavia, como a nossa sociedade está cada vez mais pejada de gente atenta e palradores-banais prontos para criticar e deixar ficar as suas dementes opiniões, o trabalho da CNE viu-se mais uma vez conotado com os interesses do partido no poder, no caso concreto a Frelimo. Tudo por causa de um suposto fundo vermelho.

Ora, está claro que, devido ao estado medíocre da nossa democracia, mais do que discursos e enrolamentos, as eleições nunca trazem nada de concreto para a vida da população. Tal é o caso do lustro que termina: falou-se muito e fez-se pouco. Faz tempo que, os nossos governantes deixaram de trabalhar para o povo.

As grandes conquistas que os discursos oficiais anunciam não se traduzem no prato do cidadão pacato. Muitos moçambicanos vivem ao-Deus-dará, entretanto quando sintonizam o rádio ouvem o PR no parlamento a afirmar que, o estado da nação é bom. Um paradoxo crasso.

Por isso e por outras patetices o povo está farto, daí não vê razão para continuar a votar nas mesmas pessoas que mentirosamente lhes promete dias melhores. O povo prefere abster-se das eleições.

Ciente dessas abstenções, a CNE pretende resgatar o voto das massas e convence-las a afluirem `as urnas de votação. Por isso, meu caro Mbeve, nada a mais e nada a menos, segundo a leitura que faço, Dois peixes com legumes enquadra-se nesse objectivo.

Porém, visto que, cada cabeça é uma sentença e cada um vê nas coisas aquilo que quer ver, só devemos respeitar a pluralidade de ideias. Já dizia uma figura que abrilhantou a antiguidade clássica com os seus dotes retóricos e sofísticos: O Homem é a medida de todas as coisas – refiro-me a Protágoras.

Portanto os argumentos Mbevistas podem estar certos até esse ponto, mas doutra forma presumo que se trata de procurar problemas onde não existem. Sendo assim deixemos a CNE trabalhar `a vontade.
felixesperanca@gmail.com

4 comentários:

  1. Ilustre Felix, o texto que postei no meu blog é da autorioa do distinto jornalista Edwin Hounnou e revela uma preocupação de vários observadores, e não é só a propósito da cor vermelha mas também do conteúdo da mensagem. Concordemos ou não, trata-se apenas de uma opinião partilhada por várias pessoas.
    É de louvar esta iniciativa da CNE em promover a educação cívica como meio de combater a abstenção, mas não tenho a certeza se este anúncio vai conseguir esse objectivo.
    Estamos juntos quando afirma que devemos respeitar a pluralidade de ideias mas não sei se vou concordar quando afirma que devemos deixar a CNE trabalhar à vontade, o exercício da cidadania também é feito através da crítica e do questionamento.

    Abraço forte!

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  2. Defacto caro Jose.

    Concordo que o exercicio de cidadania deve ser acompanhado de criticas e questionamentos. Por outro lado penso que tais inquietacoes devem ser feitas de maneira mais lucida possivel.Eu sempre soube da partidarizacao da CNE, Mas nunca pensei que tal mesquinhez afectasse ate as publicicidades. O que quiz foi tentar dar o meu voto de confianca a este orgao. Mas seja como for os meus sinceros agradecimentos pela visao. Estarei de olhos.

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  3. Felix, eu percebi muito bem a sua intenção e até posso aceitar que a critica a esse anuncio seja um tanto injusta, mas convenhamos que é um problema quando um anuncio se presta a diversas interpretações, dificilmente ira atingir os seus propositos. E depois tambem se suspeita que a CNE nem sempre é isenta...
    Polémicas à parte, eu insisto sempre em dar o mesmo conselho aos jovens: questionem, questionem, questionem!

    Abraço forte!

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  4. Geralmente os anuncios publicitarios suscitam diversas interpretacoes, cabe a nos acordarmos e nao nos deixarmos impressionar e muito menos iludir.

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