Ano de 2000. Tarde de quarta-feira 22 de Novembro. Carlos Cardoso fechou a edição do dia e enviou por Fax o Metical aos mais de 400 assinantes, sobretudo diplomatas, funcionários e pessoas ligadas aos negócios. O dia caía, por volta das 18 horas entrou no carro com o motorista e dirigiram-se à casa.
Pelo caminho, numa das avenidas de Maputo, duas viaturas Vokswagen, um Citti Golf vermelho e outro 1600 Sedan com vidros fumados, bloquearam o seu automóvel. De acordo com várias notícias, dois homens armados com AK-47 saíram de um dos veículos e atiraram fatalmente contra o jornalista e feriram o seu motorista.
Morria nesse instante supremo um grande homem, o percursor do jornalismo investigativo em Moçambique e porta-voz das minorias empobrecidas e oprimidas que com suor e sacrifício sobrevivem à intempérie a tentar encontrar a sua voz e vez. Foi o maior no jornalismo e um dos melhores entre os filhos de Moçambique, é por isso que, o seu nome ficará indelevelmente marcado no rodapé da história contemporânea deste país.
As causas por detrás da sua morte suscitaram muitas interpretações, todavia a maior parte delas ponderam que Cardoso foi morto porque representava uma grande ameaça contra a corrupção, a lavagem de dinheiro, o narcotráfico, o abuso de poder, o enriquecimento ilícito entre outros crimes. A maior parte desses males eram e continuam a ser protagonizados por pessoas ligadas ao poder politico e económico. Nesta ordem de ideias, em 2001, numa das suas passagens, um relatório do Comité para Protecção de Jornalistas, escreveu nos seguintes termos: “ Cardoso tinha sido morto por que era o único jornalista que tinha os contactos, a habilidade e a tendência para confrontar as elites no poder com provas sobre a sua própria corrupção”.
De lá para cá, passam nove anos. São nove anos de eterna saudade. Anos de ausência-presença. Anos de dor. Anos de nostalgia. Anos de frustração e de rancor por parte de seus familiares, amigos e muitos outros cidadãos que se revêem e se espelham em seus ideais, pelo que um simples julgamento e uma pena máxima contra os seus assassinos constituem uma insignificância para repor o vazio e o luto que ele deixou.
Entretanto, para além de dar que falar, a sua morte despoletou várias faces ocultas do sistema politico e economico de turno na época, como também pôs a nu muita podridão, outrora encobertas pelos mais eficazes métodos maquiavélicos. A partir daí, o país, demonstrou ao mundo, até à saciedade, a hipocrisia e a mentira por que sempre se regeu. Passou-se a conhecer na integra os indivíduos que ditam as regras do jogo, como também fez-se saber que, às vezes o estatuído na lei serve apenas para o Inglês ver tal como aconteceu com a liberdade de imprensa preconizada em principio na Constituição de 1990, Cardoso quis fazer o seu uso e logo foi morto.
Com a morte deste grande homem, Moçambique passou, cada vez mais, a ganhar lugar no grupo dos países mais corruptos do mundo e cresceu sobre si o número de pesquisas e investigações sobre actividades ilegais. Posteriormente, esses estudos pariram inúmeras exposições violentas que mancharam a nossa imagem no contexto das nações. Um deles foi em 2000 quando o famoso relatório da Agência Americana Anti-Drogas (DEA) que tinha aberto um gabinete na vizinha África do Sul, em 1997, para monitorizar o explosivo crescimento da indústria de narcóticos na região, reportou que Moçambique era um dos principais portos de entrada de drogas ilegais oriundas do Sudeste Asiático e, ainda segundo a DEA, a maior parte deste tráfico é, posteriormente, enviado para a Europa.
Assim, volvidos que são nove anos é necessário que novos Cardosos surjam para prosseguir com os ideais do primeiro. Moçambique continua a subir na lista dos mais corruptos entre as nações, a pobreza cresce, a exclusão social aumenta, as assimetrias regionais prevalecem, o tribalismo e regionalismo nos caracterizam, a partidarização do aparelho de Estado é o nosso modus vivendi, o país virou um suave Zimbabué e o aparelho de Estado um feudo gerido por gente individualista até ao nojo.
Em meu entender, as condições existem, mas faltam a coragem e estômago para tal, algo que persiste, devido a crónica mentalidade de defesa do pão, labebotismo e escovismo crassos que caracterizam muitos jornalistas deste país. Cardoso era destemido e mais do que isso foi um verdadeiro patriota, razão pela qual deu a sua vida pela pátria amada. Por tudo isso e muito mais, o seu nome continuará a inspirar gerações. Que a sua alma descanse na paz dos anjos e que Deus lhe perdoe as suas faltas!
Pelo caminho, numa das avenidas de Maputo, duas viaturas Vokswagen, um Citti Golf vermelho e outro 1600 Sedan com vidros fumados, bloquearam o seu automóvel. De acordo com várias notícias, dois homens armados com AK-47 saíram de um dos veículos e atiraram fatalmente contra o jornalista e feriram o seu motorista.
Morria nesse instante supremo um grande homem, o percursor do jornalismo investigativo em Moçambique e porta-voz das minorias empobrecidas e oprimidas que com suor e sacrifício sobrevivem à intempérie a tentar encontrar a sua voz e vez. Foi o maior no jornalismo e um dos melhores entre os filhos de Moçambique, é por isso que, o seu nome ficará indelevelmente marcado no rodapé da história contemporânea deste país.
As causas por detrás da sua morte suscitaram muitas interpretações, todavia a maior parte delas ponderam que Cardoso foi morto porque representava uma grande ameaça contra a corrupção, a lavagem de dinheiro, o narcotráfico, o abuso de poder, o enriquecimento ilícito entre outros crimes. A maior parte desses males eram e continuam a ser protagonizados por pessoas ligadas ao poder politico e económico. Nesta ordem de ideias, em 2001, numa das suas passagens, um relatório do Comité para Protecção de Jornalistas, escreveu nos seguintes termos: “ Cardoso tinha sido morto por que era o único jornalista que tinha os contactos, a habilidade e a tendência para confrontar as elites no poder com provas sobre a sua própria corrupção”.
De lá para cá, passam nove anos. São nove anos de eterna saudade. Anos de ausência-presença. Anos de dor. Anos de nostalgia. Anos de frustração e de rancor por parte de seus familiares, amigos e muitos outros cidadãos que se revêem e se espelham em seus ideais, pelo que um simples julgamento e uma pena máxima contra os seus assassinos constituem uma insignificância para repor o vazio e o luto que ele deixou.
Entretanto, para além de dar que falar, a sua morte despoletou várias faces ocultas do sistema politico e economico de turno na época, como também pôs a nu muita podridão, outrora encobertas pelos mais eficazes métodos maquiavélicos. A partir daí, o país, demonstrou ao mundo, até à saciedade, a hipocrisia e a mentira por que sempre se regeu. Passou-se a conhecer na integra os indivíduos que ditam as regras do jogo, como também fez-se saber que, às vezes o estatuído na lei serve apenas para o Inglês ver tal como aconteceu com a liberdade de imprensa preconizada em principio na Constituição de 1990, Cardoso quis fazer o seu uso e logo foi morto.
Com a morte deste grande homem, Moçambique passou, cada vez mais, a ganhar lugar no grupo dos países mais corruptos do mundo e cresceu sobre si o número de pesquisas e investigações sobre actividades ilegais. Posteriormente, esses estudos pariram inúmeras exposições violentas que mancharam a nossa imagem no contexto das nações. Um deles foi em 2000 quando o famoso relatório da Agência Americana Anti-Drogas (DEA) que tinha aberto um gabinete na vizinha África do Sul, em 1997, para monitorizar o explosivo crescimento da indústria de narcóticos na região, reportou que Moçambique era um dos principais portos de entrada de drogas ilegais oriundas do Sudeste Asiático e, ainda segundo a DEA, a maior parte deste tráfico é, posteriormente, enviado para a Europa.
Assim, volvidos que são nove anos é necessário que novos Cardosos surjam para prosseguir com os ideais do primeiro. Moçambique continua a subir na lista dos mais corruptos entre as nações, a pobreza cresce, a exclusão social aumenta, as assimetrias regionais prevalecem, o tribalismo e regionalismo nos caracterizam, a partidarização do aparelho de Estado é o nosso modus vivendi, o país virou um suave Zimbabué e o aparelho de Estado um feudo gerido por gente individualista até ao nojo.
Em meu entender, as condições existem, mas faltam a coragem e estômago para tal, algo que persiste, devido a crónica mentalidade de defesa do pão, labebotismo e escovismo crassos que caracterizam muitos jornalistas deste país. Cardoso era destemido e mais do que isso foi um verdadeiro patriota, razão pela qual deu a sua vida pela pátria amada. Por tudo isso e muito mais, o seu nome continuará a inspirar gerações. Que a sua alma descanse na paz dos anjos e que Deus lhe perdoe as suas faltas!
Caro Patriota,
ResponderEliminarEstás a descrever aqui uma triste realidade. Cardoso se foi, os tubarões ainda continuam a sugar o nosso sangue sobre o lema: “lutamos por esse pais, e então não podemos ficar ricos?”.
Triste isso no nosso país. Triste para toda juventude.
Obrigado Patriota, a data não me escapou. Em Mocambique precisamos de mais Cardosos.
ResponderEliminarAbraco
Carlos Cardoso foi barbaramente assassinado por causa dos seus ideais e princípios éticos.
ResponderEliminarInfelizmente, Moçambique não melhorou em relação à corrupção, mas a sua morte não foi em vão, o seu exemplo permanece na nossa memória.
Abraço forte!
Obrigado Juliasse
ResponderEliminarDefacto, nao podia deixar passar em branco esta data. Cardoso foi grande, razao pela qual fiz questao de dedicar-lhe esta homenagem. Penso que deve ser sempre assim. Nao devemos nos esquecer nunca daqueles que dao a sua vida pela justica, igualdade e o bem-estar para todos. Mais uma vez obrigado, sobretudo por teres passado neste sitio.Eh uma grande honra contar contigo.
Viva.
Reflectindo mais uma vez...
ResponderEliminarSim eu reitero que novos e mais Cardosos precisam-se neste pais, as condicoes existem, faltam a coragem e ousadia. Cardoso morreu pela justica, contra a corrupcao, o crime organizado e lavagem de dinheiro, penso que muitos desses males persistem e sao responsaveis pelo atraso deste pais. Nao se constroi uma nacao prospera com tamanha corrupcao. Por tanto, nessas horas, quando esses males prosseguem, logo lembramos deste Grande Homem. Que a sua alma descanse em paz.
Ilustre Jose
ResponderEliminarConcerteza, o seu exemplo permanece na memoria de todos homens de bom senso e isso eh o que importa. Cardoso morreu apenas fisicamente, mas em termos reais mora em cada um de nos, aqui, ali e acola. Eh por isso que todos anos em datas como estas farei questao de lhe dedicar uma homenagem igual, penso que eh a forma mais simples de honrar um grande homem como, como Cardoso.